VARIZES

Insuficiência Venosa Crônica / Varizes dos Membros Inferiores

As varizes que comumente afetam nossas pernas são muito conhecidas e normalmente dispensam qualquer apresentação. Entretanto, elas são apenas uma parte, uma etapa de uma doença muito mais complexa intitulada Insuficiência Venosa Crônica (IVC). Uma das mais frequentes doenças que acometem a população tanto mundial como Brasileira.

Estudos internacionais apontam que cerca de 20 a 33% das mulheres e de 10 a 20% dos homens vão apresentar algum grau da doença ao longo de sua vida. Por ser uma doença crônica e evolutiva,cerca de 3 a 11% das pessoas com varizes podem chegar a estágios mais avançados da doença onde ocorrem alterações irreversíveis na pele da região afetada. Tais alterações compreendem desde um escurecimento, descamação e ressecamento da pele, geralmente acompanhadas de piora dos sintomas como dor, queimação e inchaço, podendo ocorrer a abertura de feridas nas pernas que podem demorar anos para cicatrizar. No outro extremo temos os pequenos vasos dérmicos chamados telangectasias (ou simplesmente vasinhos) que têm um apelo principalmente estético, ao menos no início, mas com o passar do tempo podem gerar alguns sintomas como dor e desconforto local.

O que causa a doença?
Apesar de existirem várias teorias a respeito, e do tema ser exaustivamente estudado, ainda não há um consenso sobre a origem exata das varizes. Por outro lado, sabemos que existem alguns fatores de risco para o desenvolvimento e piora da doença que podem ser facilmente identificados. Alguns destes fatores são modificáveis e outros não. Entre os mais comuns podemos citar:
• Tendência familiar: um histórico de parentes próximos como avós, pais e irmãos com varizes, indica um risco maior de apresentar o problema. Existe assim uma clara correlação genética e hereditária de forma que, em pelo menos 70% dos casos, encontramos com alguma facilidade esta correlação.
• Obesidade: o excesso de peso sobrecarrega o sistema venoso, particularmente das pernas, facilitando o aparecimento da dilatação venosa.
• Sedentarismo: o movimento muscular, particularmente da panturrilha (batata da perna), é um importante mecanismo que auxilia na circulação das pernas. A falta de exercícios piora essa circulação e aumenta a chance de problemas venosos.
• Múltiplas gestações: cada gestação leva a alterações hormonais e do retorno do sangue das pernas, seja pelo aumento de peso inerente a gestação, seja pelo aumento uterino. Na mulher grávida, isto leva a maior ocorrência de varizes. (Tabela 1). Um fato interessante. Apesar de quase sempre ocorrer um aumento de veias durante o período gestacional, é comum que uma boa parte destas varizes diminua espontaneamente, sem qualquer procedimento, nas semanas que se seguem ao parto.
• Uso de anticoncepcionais: Acredita-se que os hormônios presentes na maioria dos anticoncepcionais, em particular os por via oral, tem como efeito colateral um certo enfraquecimento da parede venosa permitindo assim sua dilatação. Esta tendência parece não ser uniforme entre as mulheres, havendo algumas mais susceptíveis do que outras.
• Trabalho em pé: profissões que imponham longas jornadas em pé estão relacionadas com uma incidência maior de varizes.
• Gênero: mulheres tem uma chance maior de desenvolver varizes, mesmo porque apresentam maior exposição aos outros fatores de risco.
• Idade: apesar de eventualmente identificarmos alterações venosas muito precoces em determinados pacientes que já tenham uma predisposição genética, à medida que outros fatores de risco venham a se somar, particularmente com o passar dos anos, é nas idades mais avançadas que presenciamos a maior incidência de IVC.
• Tabagismo: o papel do cigarro não está estabelecido na origem da IVC. Entretanto, é de conhecimento público suas graves implicações sobre o sistema circulatório e, no mínimo, seu uso implica em um risco maior para praticamente qualquer tratamento que venha a ser proposto.
• Uso de sapatos de salto alto: o sapato de salto muito alto diminui a mobilidade da musculatura posterior da perna conhecida como panturrilha (popularmente a batata da perna), um importante mecanismo envolvido na circulação e retorno do sangue da perna em direção ao coração. Apesar de não haver comprovação científica a esse respeito, é aconselhável, principalmente no caso de permanecer muito em pé, evitar o uso de salto demasiadamente alto. Se a atividade diária for mais em posição sentada, o impacto do salto alto é menor, mas em geral sugerimos o uso de saltos mais baixos no dia a dia do trabalho. O uso de salto alto esporadicamente, por exemplo numa comemoração ou num evento social eventual, parece não ter influencia no desenvolvimento de varizes.
• Trombose venosa: a trombose de grandes veias nos membros inferiores dificulta o retorno de sangue de forma temporária ou permanente. Além disso, tais veias podem sofrer um processo de degeneração das válvulas contidas em seu interior. A alteração destas válvulas sobrecarrega as veias mais abaixo, o que aumenta a chance de desenvolver varizes no curto prazo e IVC no longo prazo.
• Compressão venosa: a compressão externa, por outras estruturas, sobre algum ponto do sistema venoso causa uma sobrecarga nas veias abaixo deste local, aumentando a chance de varizes e IVC.

Como posso identificar o problema?
As varizes geralmente são facilmente identificáveis ao simples exame visual. Na maioria dos casos o próprio doente faz seu diagnóstico. Ao médico cabe confirmar este diagnóstico, graduar a doença (algo que influenciará na decisão sobre o tratamento) e indicar os exames complementares pertinentes que ajudarão a desvendar a origem do problema que guiarão as decisões sobre o tipo de tratamento. Um histórico familiar de varizes, ou histórico pessoal de gestações, trombose prévia, uso de anticoncepcionais e hábitos de vida ajudam a definir a origem das varizes. O exame físico permite juntar dados como obesidade e distribuição atípica das varizes, o que pode sugerir uma compressão em determinado território venoso.

Quais exames são importantes?
Atualmente o exame mais utilizado é o ultrassom com Doppler do sistema venoso dos membros inferiores. É um exame que não utiliza contraste ou radiação, sendo indolor e de execução simples com bons resultados em mãos habilitadas. Pode fornecer os dados fundamentais como o calibre das veias (varizes são veias permanentemente dilatadas), seu fluxo ou refluxo, presença de trombose recente ou antiga, bem como a existência de pontos de compressão. Normalmente é o exame de escolha e suficiente para o planejamento cirúrgico. Em casos de exceção, podem ser necessários exames mais complexos, caros e invasivos como tomografia computadorizada, ressonância magnética nuclear, ultrassom endovascular e flebografia para complementar o diagnóstico, definir estratégias e planejar o tratamento. Sugerimos que um cirurgião vascular seja consultado tanto para a solicitação destes exames quanto para sua análise. Tal fato pode evitar exames desnecessários e eventualmente perigosos. Apesar do ultrassom ser um exame importante, nem todos os pacientes são candidatos. Existem pacientes que podem ter estabelecida a indicação de tratamento somente baseado no exame clínico e na consulta com o médico.

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